domingo, dezembro 23, 2007
Pus a cabeça no cepo . Angústia de antecipação : sei que ela vai rolar ... É só uma questão de tempo. Estou apavorada .
sábado, julho 28, 2007
Tea for 2
Meu amor (ou então não, só meu amigo, já não sei muito bem),
Quem diria que ainda precisarias de mim desta maneira, depois de tudo o que ficou dito e feito e não se pôde jamais apagar ? Nem nunca imaginei que ainda viria a ter estômago para tanto . Estômago, porque não há coração que resista a isto, e o pouco que há reduz-se a uma sombra que nem responde claramente a tudo o que preciso de "me" saber . Fiz-te uma promessa que tenho dificuldades em cumprir, mas ainda assim vou decidindo em cada dia que enquanto for capaz, então sou capaz . Prometi que não te abandonava e tu acreditaste . E eis que mais uma vez sou tudo, sem mesmo assim ser quanto te baste . E isso consome-me por dentro, uns dias mais, outros quase nada . Mas o facto é que prometi , e sei que precisas de mim para o que enfrentas, quase tanto como do ar que respiras, ainda que isso me deixe de parte no futuro, e certamente deixará . Certamente .
Um dia estaremos de novo juntos à mesa de um café qualquer, a tomar chá como agora e a trocar fotografias felizes dos filhos que acabámos por ter com outras pessoas .
domingo, julho 08, 2007
Agora !
E por vezes sinto só vontade de sorrir . Porque afinal, a sorte sempre protege os audazes . Hoje sinto uma felicidade tranquila , aquela felicidade de ter conquistado alguma coisa . Ou de me ter deixado conquistar por uma aventura engraçada que afinal veio a ser uma revelação do caminho certo .
O caminho certo.
Sim, é mesmo isto . Vou por aqui .
O mundo começa agora.
domingo, abril 22, 2007
Da dignidade, num plácido Domingo
Num país onde se acorre em euforia a qualquer encenação da treta desde que se pague bem e haja uma bela máquina publicitária, no desejo do prestígio fácil de "eu fui", mesmo que não se goste, naturalmente que com igual rapidez os públicos se indignam e amesquinham perante um espectáculo cancelado.
Especialmente porque de repente andamos cheios e cansados de pessoas e figuras públicas canceladas, de flagrantes, de enganos e desenganos do "quem é quem" nacional. Chocamo-nos, ou melhor, entretemo-nos a desfiar as fraudes públicas como quem vê um filme série B, daqueles que se come e esquece logo a seguir, e vingamo-nos com protestos numa catarse sem fim sobre a cena pública, ao mesmo tempo que desenvolvemos uma preguiçosa complacência perante os fiascos pessoais que nos rodeiam a vida privada, ao ponto de os considerarmos aceitáveis e banais . A fúria com que nos deveríamos opor em primeiro lugar à fraude pessoal e presencial, quer nossa quer daqueles em quem insistimos colar o selo da inclusao num historial privado é demasiadas vezes explorada fora desse universo singular, transferida para a indignação pública. Não que esta não tenha de ter lugar, mas regra geral, vejo-o no espalhafato da abordagem pública, assume o seu lugar e ainda arca com os detritos não-recicláveis da vida de cada português .
Por isso, acho que entre Sócrates e Plácido Domingo, entre vários conhecidos meus e Plácido Domingo, há uma grande diferença . A dignidade não se perde num momento de fraqueza, e muito menos num momento de franqueza . Mas também não se recupera em asserções surdas e absolutas, em juras solenes de integridade . Muito menos no acolhimento canino de bajulações partidárias, como se se fosse mais vítima do que culpado. A dignidade, onde possa ameaçar ruir, recupera-se num pedido de desculpas, no reconhecimento de que as coisas não correm como esperado, na diferenciação entre o que está obviamente mal, e o que é bem . Está em não mentir a si mesmo nem aos outros quanto ao que está à vista de todos e procurar ainda assim reparar o problema em vez de fazer de conta que ele não existe. A maior parte dos que deixam ruir a sua dignidade pessoal não vos pedirão desculpa, antes vos acusarão por terem reprovado as suas acções . E continuarão achando que não há nada de errado naquilo que são .
O público indigna-se com o espectáculo cancelado, com a fraude em que se banhou alegremente antes de conhecer a verdade, e tanto mais violentamente quanto menos suporta continuar a indignar-se com os fiascos da sua esfera pessoal . Bem haja o cantor por ter dado a cara pelo concerto que não se fez . Livrou-se do fiasco pessoal e público antes de ele acontecer . Homem sábio .
domingo, março 04, 2007
Apologia de Ginja
Carlos, sexy baby, olha, hoje apercebi-me de que era já Março ... então decidi escrever-te a dizer que, evidentemente, me esqueci da tua data de aniversário. Pois. Não que tenhas reparado, não é ? ...
Mas agora lembrei-me, o que é bem pior, porque se não me lembrasse não me sentia mal por me ter esquecido . Então fiquei a pensar.... "fogo, deixei passar e nem sequer já vou a tempo de dizer desculpa lá o atraso e tal ", porque a bem da verdade, isto já passou os limites do atraso. Então decido dizer-te que evidentemente espero que tenhas tido um dia bom, quando completaste mais um ano da tua demanda existencial, mas, sobretudo queria dizer que gosto tanto de ti hoje ou amanhã ou depois, como gostava antes do teu aniversário, e por isso desejo-te as melhores coisas deste mundo e do outro todos o dias, e não apenas quando fazes anos .
Pronto, espero que isto possa fazer as vezes daquela desculpa esfarrapada que eu não pude dar, porque não tinha desculpa alguma .
Um grande abraço
R.