A língua de Camões
Hoje é um bom dia para nos lembrarmos de como se fala bem em Portugal, e de como somos vistos lá fora .
A verdade é que derivado às sucessivas reformas educativas, a gente cada vez falamos pior, porque enfim, o português é uma língua difícil . Essencialmente, o problema está em que não há um projecto educativo a longo prazo, e depois evidentemente não se registão evoluções em que nos póssamos equiparar ao que de melhor se faz nas escolas europeias. E só algumas excepções vão levantando esse véu de verdade que esconde um português inteligente atrás de uma imagem pobrezinha e (nem sempre) lavadinha do tuguinha saloio e burrinho, mas honrado, do estado Novo.
Sim, sim, essa imagem é a que temos lá fora, é só verem nos filmes como os portugueses são estereotipados . Uns bonecos ridículos, que ou é os malandros da história, ou é uns idiotas chapados com montes de filhos à volta. Ora, em primeiro lugar, a gente não é burros, se bem que às vezes estêjamos distraídos . E depois, nem todo o tuga que trabalha lá fora é dono de um restaurante ou é empregada de limpezas . Aqui como em Espanha, os trabalhadores não somos bonecos, olha que m**** !!! Ele há gente a tirar doutoramentos e a fazer sucesso nas universidades europeias e estrangeiras ! Não sei que falta de orgulho é essa que nos leva a promover novelas em que o tuga é o criadito que ainda por cima nem sabe como há-de falar. Que o problema não é ele ser mordomo numa casa de ricos. O problema é que a personagem nem tem a dignidade de decidir se fala como eles lá, ou se fala como se havia de falar cá . Então fica assim um português todo escangalhado, que não é carne nem é peixe, de " tu não podes fázê isso comigo, estás a compreender ? Então eu amo-te tanto e tu tratas-me tão mau? Não achas que é dimais?" Soa desajustado de toda a forma. Ao menos o Brasileiro em Portugal não tem medo nenhum do seu sotaque. Pois eu acho que já chega, nem sabemos falar cá, nem sabemos falar lá .
O problema vem do mais humilde estrato social, onde apesar de tudo se aninham os regionalismos castiços que o tempo se encarrega de apagar nas cidades, até aos tipos que deviam de ser um exemplo a seguir, tipo de os ministros. E depois andem a desfilar assim à palhaço, a apertar as orelhinhas aos militares : viva o Camõooooes ! Viva Portugaleeeeee! Os portugueses paresse que les falta brio em mim-próprios, pá . Ou então aquelas pessoas da televisão que falam para milhões e só mandam calinadas de gramática. Deviam ser todos submetidos a reciclagem escolar, para que se a escola não chega, chegue ao menos a educação da parte dqueles em quem depositamos o ouvido. quanto aos políticos, que se se apressem, que já nem os ouvimos bem.
Não sabemos falar, ponto final, e se não dominamos a nossa própria língua, como havemos de saber as linguagens universais da ciência, da arte, etc. ? Como havemos de nos reconhecer uma identidade cultural válida ? É uma coisa que faz corar um santo. Não vale a pena exaltar os heróis da língua que cantaram grandes feitos se tudo o que cantamos é passado longínquo, nesse sentido em que é tão longíquo nem o sabemos já cantar, como aliás acontece com o Hino nacional .
Olá!
Falas na linguagem universal da ciência no fim do teu texto.
Não é universal porque ninguem se entende...
Mas não foi por isso que decidi escrever este comment.
Falar mal - já reparaste nos apresentadores do telejornal?
São uns assassinos da lingua de Camões...
PS - Tinha uma prof. que dizia "A matemática é a lingua dos Deuses, não permite enganos"
Há uma definição de Português (no dicionário Aurélio)que certa vez li e gostei muito. Dizia que o português era uma língua romântica, bla! bla! bla! etc. O importante é o início: é uma língua romântica. Amiga, pode me achar um maluco, mas adoro o português. Depois dele, só do alemão que gosto mais. Não posso deixar de louvar nosso querido Camões antes de terminar esse meu comentário pois ele realmente dominou essa língua. Não vou ficar aqui apoiando seu discurso ético a favor de uma educação melhor pois todos sabemos os problemas de ensino (tanto no Brasil como aí - em Portugal) e creio que é chover no molhado.